quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Ava/Lana/Rita (Beach Samba)

Na geladeira não!!!

Do Blog do Cícero

Bonamigo é o novo técnico do Bahia e Elizeu Godoy Substitui Paulo Carneiro

Depois da derrota do Bahia por 2 x 1 para o Duque de Caxias, o técnico Sérgio Guedes coloca seu cargo à disposição e a diretoria do Bahia resolveu trazer Paulo Bonamigo, 49 anos, para a difícil missão de evitar que o Bahia despenque para a terceira divisão do futebol brasileiro.

O Bahia encontra-se na 17a. colocação na Série B do Campeonato e vai lutar com todas as forças, contando para isso, com o apoio da sua torcida e, agora, com a competência do seu novo técnico, para se manter na Série B.

O próximo jogo do Bahia será no sábado, contra o Figueirense (SC). Vamos torcer para que o novo técnico, bastante experiente, possa, finalmente, colocar o Bahia nos trilhos.

Bonamigo demonstrou confiança no time atual do Bahia e comentou que trabalhou “na Portuguesa até o início de agosto e tive a oportunidade de enfrentar o Bahia. Conheço os jogadores que estão no clube e sei do potencial deles para tirar o time desta situação. O Bahia tem uma torcida apaixonada e que está sempre apoiando a equipe nos jogos”. Bonamigo pretende devolver a motivação aos jogadores "e mostrar a eles que eles têm capacidade para reverter a situação”, disse.

Arnaldo Jabor fala sobre a armação de Chávez sobre o Brasil

Senado aprova nome de Toffoli para o Supremo

Depois de uma sabatina de sete horas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), do Senado, conquistando uma vitória de 20 votos a 3, o nome do advogado-geral da União, José Antônio Dias Toffoli foi aprovado pelo plenário do Senado, com 58 votos a favor, contra 9 votos e apenas 3 abstenções, para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). O nome de Toffoli foi indicado pelo presidente Lula.
Agora o Senado encaminha ao presidente Lula, que por sua vez, envia ao STF, que marcará a data para a posse do novo ministro

Como Entender e Enfrentar uma Depressão Econômica

Do meu amigo: Wellington Lisboa de Sena

Por Mark A. Friedman

A instabilidade econômica crescente requer preparação para cenários possivelmente piores, considerando-se que a economia global poderá entrar num período prolongado de recessão ou depressão. Uma depressão econômica traz um aumento significativo no número de demissões, diminui bastante as vendas, acarreta a queda do mercado de ações, afeta o preço dos imóveis e diminui a arrecadação tributária. Na realidade, o Brasil e vários outros países subdesenvolvidos economicamente já estão experimentando muitas dessas condições.

Um novo estilo de vida e algumas medidas econômicas ajudarão você a se preparar para uma recessão econômica, e isto beneficiará não só a você, como também à sua família e à sua comunidade, independentemente das oscilações que ocorrerem com a economia. Tais mudanças incluem as seguintes medidas:

Simplifique Sua Vida

1. Compre apenas o que você e sua família precisam. Bens em excesso serão um peso para você e consumirão o dinheiro de que você poderá necessitar.

2. Livre-se de coisas que não usa, que não quer mais ou que são desnecessárias. A venda de artigos de que você não precisa pode ajudá-lo(a) a reunir algum dinheiro que você poderá usar caso perca seu emprego ou sua fonte de renda.

3. Dê ênfase à felicidade não-material e à união familiar. Nenhuma felicidade duradoura virá de objetos externos. Valorizar agora as alegrias não-materiais da vida o preparará para tempos de escassez.

Examine as Profissões Resistentes à Depressão

Mesmo numa recessão econômica, há certas áreas que requerem mais trabalho e representam maior segurança econômica. As categorias de trabalho que podem apresentar maior estabilidade são:

Empregos governamentais – Embora a arrecadação de impostos possa diminuir, levando a possíveis demissões, haverá grande necessidade de funcionários públicos nas áreas de saúde e recursos humanos, para lidar com o crescente número de desempregados e as populações carentes.

Oficinas - Menos pessoas terão condições de comprar novos carros, computadores, equipamentos de som, móveis, roupas e eletrodomésticos. Oficinas e assistências técnicas que consertem esses itens, conseqüentemente, prosperarão.

Brechós e vendas em consignação
– Lojas que vendem mercadorias usadas se darão bem, visto que cada vez menos pessoas poderão consumir artigos novos. Lojas que aceitam mercadorias em consignação – quando as pessoas deixam a mercadoria em confiança para venda posterior – requerem menor investimento para a sua abertura, já que você não precisará manter estoques de mercadoria.

Educação - Muitas pessoas que perderem seus empregos procurarão adquirir novas habilidades para reingressarem-se no mercado de trabalho. Haverá necessidade de professores e treinadores atualizados para ajudá-las a desenvolver as habilidades que procuram.

Cooperativas e serviços comunitários – Tanto as cooperativas de produtores como de consumidores florescerão, visto que os agricultores procurarão vender por preços melhores seus produtos e os consumidores das cidades precisarão reduzir suas despesas com alimentação. À medida que as grandes companhias entrarem em declínio, haverá a necessidade de consultores de cooperativas para orientar os empregados a realizar a autogestão em sua empresa e administrá-la como uma cooperativa.

Centros de reabilitação de viciados e outros programas comunitários voltados para os tempos de crise poderão criar redes de apoio para ajudar as comunidades a superarem esse período.

Diversifique suas Fontes Potenciais de Renda

Se sua fonte de renda principal sofrer algum abalo durante o período de crise econômica, você será muito mais capaz de lidar com esse problema se estiver se preparado para ter outras fontes de renda.

Entre as fontes de renda em potencial que você poderá começar a pesquisar estão as seguintes:

1. Volte à escola para desenvolver habilidades que lhe permitam retornar ao mercado de trabalho, tais como a especialização em mecânica de automóveis ou aparelhos eletroeletrônicos.

2. Procure empregos de meio expediente – Se você for despedido de seu emprego principal, seu trabalho secundário poderá se tornar sua principal fonte de renda.

3. Seja criativo – Tente transformar seus hobbies e as atividades de seu interesse em uma fonte de renda.

Desenvolva e Fortaleça a sua Comunidade e Organize as suas Prioridades

As dificuldades econômicas podem apresentar uma grande oportunidade para que sua família e sua comunidade se unam, para juntos enfrentarem esses desafios. Por outro lado, a falta de solidariedade pode permitir que o estresse econômico gere desarmonias e conflitos.

Tanto em sua família como em sua comunidade, uma crise testará sua força interior e exigirá que você redescubra seus recursos internos. Amor, compaixão, equilíbrio emocional, generosidade e amizade são recursos que se desenvolvem na medida em que são usados.

Algumas pessoas reagem a tempos de crise econômica tornando-se mais medrosas e egoístas. Essa reação será um desserviço a você, à sua família e à sua comunidade.

Fonte: Após o Capitalismo

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Aumento de salário para os senadores

Do Blog do Cícero

O que aconteceu em Honduras não foi golpe de Estado

Do Canal Livre da Band

O refúgio do presidente deposto de Honduras Manuel Zelaya na embaixada brasileira completa uma semana. Neste domingo, a atuação da diplomacia brasileira no episódio e as possíveis soluções para o impasse foram tema de discussão no programa Canal Livre, da TV Bandeirantes.

Segundo o advogado Lionel Zaclis, doutor em direito processual pela Universidade de São Paulo, o que ocorreu em Honduras não pode ser chamado de golpe de Estado, já que o governo interino respeitou a Constituição do país.

“Na minha visão não houve golpe de Estado. Houve a aplicação pura e simples das regras constitucionais. O artigo 237 da Constituição hondurenha é claro e expresso no sentido de que qualquer cidadão – e não faz distinção o artigo – que atentar contra a disposição que veda a reeleição do presidente da República estará violando a Constituição e perderá imediatamente ser cargo”, explicou.

Zaclis esclarece ainda que, antes da expulsão, houve um processo judicial e um julgamento a respeito da legalidade do decreto que previa uma consulta popular que abriria caminho à reeleição de Zelaya. “O juiz deu uma tutela antecipatória suspendendo a eficácia desse decreto, o presidente Zelaya, intimado três vezes não compareceu e, por isso, a decisão da Suprema Corte”.

Situação na embaixada
O governo de Honduras estabeleceu um prazo de dez dias para que o governo brasileiro defina o status de Zelaya, mas Lula adiantou no último sábado, da Venezuela, onde aconteceu a Cúpula América do Sul-África, que não aceitará o ultimato.

“O governo brasileiro não acata o ultimato de um golpista e nem o reconhece como um governo interino. Então, o Brasil não tem que conversar com esses senhores”.

O presidente interino do país, Roberto Micheletti exigiu também garantias do Brasil de que sua embaixada não será usada por ele para incitar a violência. Duas pessoas morreram em confrontos no país.

Expulsão
Zelaya voltou ao país quase três meses após ser expulso. Ele foi detido por militares em 28 de junho, data em que seria realizado um plebiscito sobre a possibilidade de mudar a Constituição do país, o que abriria caminho para sua reeleição.

A consulta havia sido considerada ilegal pela Justiça e sua prisão por militares teve o apoio da Suprema Corte e do Congresso de Honduras.

Com eleições marcadas para 29 de novembro, a crise em Honduras divide a população do país e as tentativas de negociação parecem longe de um acordo.

domingo, 27 de setembro de 2009

Roberta Flack - Killing me softly - Live (1972)

Honduras parte para a ofensiva

O Presidente Lula precisa se decidir sobre a situação da Embaixada do Brasil em Honduras. O Governo golpista aperta o cerco e pode invadir a embaixada. Veja o comentário de Noblat sobre o assunto. Até nessa situação o Lula se mantém omisso!

Do Blog de Ricardo Noblat
Acuado até aqui, o governo de fato de Honduras resolveu partir para a ofensiva.

O Brasil foi seu primeiro e mais importante alvo - mas não foi o único.

Honduras deu um prazo de 10 dias para que o Brasil defina a situação do presidente deposto Manoel Zelaya, abrigado em sua embaixada de Tegucigalpa.

Em que condições Zelaya está ali? Na de asilado? Na de refugiado? Na de protegido? Qual?

A falta de uma definição levará o governo de Honduras a tirar o status diplomático da embaixada. Em tese, isso significa que a ex-embaixada poderia ser invadida - algo que o governo de Honduras adianta que não fará. Ou que não pensa fazer.

Aos governos da Espanha, México, Argentina e Venezuela, que suspenderam suas relações com Honduras, o governo do presidente Roberto Micheletti pediu que remova as bandeiras e os distintivos oficiais de suas respectivas embaixadas.

Honduras expulsou hoje quatro funcionários da Organização dos Estados Americanos (OEA) que desembarcaram em Tegucigalpa para preparar a chegada de uma missão oficial da entidade. Eles não estavam com os documentos em ordem.

Também foram expulsos três espanhóis localizados no distrito de Toncontín e que não justificaram de forma convincente sua estadia ali.

Foi renovado o toque de recolher. Ele estará em vigor entre às 21h de hoje e às 5h da manhã desta segunda-feira.

Chapeleiro maluco

Do Lápis de memória

As perguntas sobre o golpe contra Zelaya

Existe mais mistérios entre o golpe em Honduras e as verdadeiras intenções de Zelaia. Veja os comentários de Jabor:

De Arnaldo jabor

Zelaya foi eleito pelo povo e não podia ser deposto, isso é certo, que fique claro. Mas como ninguém sabe o que realmente houve podemos fazer perguntas.

Por exemplo, Hugo Chávez declarou: “Zelaya atravessou rios, florestas, montanhas até milagrosamente se materializar na embaixada do Brasil com 70 pessoas”. Como é que o Chávez sabe?

Outra pergunta: Zelaya é mesmo um democrata? Mas ele queria mexer na constituição para se reeleger como fez Chávez. Ele foi apoiado também pelo Daniel Ortega da Nicarágua de onde veio o avião Venezuelano.

Outra pergunta: ele foi deposto pelo velho golpe típico dos latinos, porrada e fuzis? Não, a Suprema Corte de Honduras decidiu por sua saída, a igreja apoiou sua saída e grande parte do Congresso.

Foi um golpe novo. Um tipo de golpe branco que surgiu agora, um golpe democrático. Oposto, mas equivalente as ditaduras brancas que estão surgindo em nome da democracia como na Venezuela.

Outra dúvida: o Chávez está feliz porque ama a democracia clássica ou porque o mundo todo está defendendo o tipo de democracia que ele inventou? A democracia da eterna reeleição, sem oposição e sem mídia livre.

Chávez deve estar rindo também porque o Lula, que sempre o apoiou de corpo mole agora está no olho do furacão do Caribe. Em suma, ninguém sabe nada, mas as perguntas são bem mais interessantes que as respostas oficiais.

Lula e a dívida pública (PARTE 5)

Do Visão Panorâmica

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No terceiro artigo desta série citamos um exemplo prático do descaso do povo brasileiro com as contas do Estado, quando chegamos ao cúmulo do absurdo do Presidente da República em um pronunciamento oficial mentir ao afirmar ter pagado a dívida externa, contrariando até mesmo sua própria equipe econômica, que havia divulgado seu aumento, dois meses antes.

A desinformação sobre este assunto, infelizmente, não é “privilégio” da população. A própria imprensa parece ignorar o assunto, se limitando a divulgar pequenas notas desconexas sobre os relatórios divulgados muitas vezes de forma manipulada pela equipe econômica.

Se hoje alguém pesquisar no Google, por exemplo, a frase “gráfico sobre a evolução da dívida publica”, vai encontrar uma série de links com informações desatualizadas, a maioria referente era FHC. O primeiro link que traz alguma informação um pouco mais atualizada, modéstia à parte, é o nosso blog, já lá pelo final da primeira página. E olha que os gráficos que publicamos não estão nem tão bem atualizados assim, pois ainda não estão computados os dados referentes aos anos de 2008 e 2009 (prometo atualizar assim que puder. rssss!).

Um país que tem metade de suas receitas comprometidas com o pagamento de juros e rolagens de dívida, o mínimo que se esperava dos meios de comunicação era um acompanhamento ostensivo de tais números, oferecendo à população gráficos atualizados sobre a evolução das dívidas externa e interna.

Procurei nos principais portais do país algum link específico sobre a dívida pública e não encontrei absolutamente nada, nem mesmo entre os portais especializados em economia, como o Valor Econômico, por exemplo. Nas buscas internas de cada site, apenas notícias esporádicas reproduzindo os boletins divulgados pela equipe econômica e só.

Divergências e mais divergências

A omissão da imprensa se mostra ainda mais grave pela demanda existente na Internet sobre o assunto. No Yahoo Respostas, por exemplo, existem várias perguntas sobre as dívidas interna e externa, as quais trazem respostas as mais divergentes possíveis, o que alimenta ainda mais os boatos sobre o “pagamento da dívida externa”.

Mas o que mais impressiona nisso tudo são divergências de números até mesmo entre especialistas. Os dados divulgados pela Auditoria Cidadã da Dívida (ONG que desde o início da década acompanha os números da dívida) de um modo geral são um pouco maiores que os números oficiais divulgados pela imprensa. Segundo a ONG, a dívida interna brasileira teria chegado a incríveis R$ 1,6 trilhão em janeiro de 2009, número bem superior aos R$ 1,264 trilhão, divulgados pelo Governo na mesma época.

Vejam bem, estamos falando de uma ONG que atualmente fornece dados para a recentemente instalada CPI da Dívida. Não se trata de nenhum blogueiro ou curioso qualquer. É uma entidade que reúne uma equipe de especialistas, que recebe apoio de entidades de grande reputação, como a CNBB, por exemplo, e que mostra dados que divergem dos dados oficiais do Governo. No mínimo, a imprensa deveria repercutir estas divergências.

Mais assustadores ainda que os números divulgado pela Auditoria Cidadã da Dívida são os dados divulgados pelo economista Ricardo Bergamini. Para quem não o conhece, Bergamini tem extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, um MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ e é membro da área internacional do Lloyds Bank. Ou seja, não é qualquer um. Segundo seus cálculos, a dívida interna brasileira seria de R$ 1,75 TRILHÃO em março de 2009 (ver artigo aqui).

Tentando explicar o inexplicável

Em meio a tanta divergência, decidi eu mesmo checar diretamente os números da dívida nos relatórios oficiais do Governo, disponíveis no site do Tesouro Nacional (quanta pretensão, não? rsrsrsrrs)

Minha primeira surpresa foi constatar a disponibilidade apenas dos relatórios dos últimos oito anos, como pode ser visto aqui. Outra decepção foi constatar a falta de padronização na divulgação dos dados, os quais variam pelo menos a cada três anos, infelizmente para pior. Além de alterações nas estruturas das tabelas, os relatórios apresentam nomenclaturas diferenciadas, alteram a hierarquia das informações e até mesmo os formatos dos arquivos.

Ou seja, só mesmo especialistas para entender. Como não sou economista, vou ficar apenas nas minhas impressões. O que posso afirmar é que parece haver uma intenção do Governo em confundir os dados da dívida externa com os dados da dívida interna. Aliás, o termo “dívida externa” no site do Tesouro Nacional é cada vez mais raro. Ele é identificado apenas por siglas, entre as quais DPFe (Dívida Pública Federal Externa) e DET (Dívida Externa Total).

Ao analisar os primeiros relatórios notamos que estes se referem especificamente à dívida interna. Os dados conclusivos são apresentados logo na primeira tabela de forma clara e objetiva, conforme mostra a figura abaixo (referente ao mês de dezembro de 2001).

dividaInterna_dez2001

A partir de 2007, no entanto, os dados referentes às dívidas interna e externa passaram a ser divulgados em um único relatório, agora intitulado “Dívida Pública Federal”. Talvez aí esteja a “explicação” para a afirmação categórica do Presidente Lula quanto ao pagamento da dívida externa. Afinal, ela parece ter mudado de nome. Agora é apenas uma parte da “Dívida Pública Federal”, cuja maior parte cabe a dívida interna.

Compare agora o relatório anterior com a tabela que resume a Divida Pública Federal de 2008 (clique na imagem para ampliá-la).

tabela2008

Note que a totalização agora é feita no topo (fato incomum em contabilidade). Abaixo é feito o detalhamento dos títulos das dívidas interna e externa, cuja soma dá o total do topo. Na mesma tabela, um pouco mais abaixo aparecem os dados referentes ao “DPMFi EM PODER DO BANCO CENTRAL”, valores que em 2008 já somavam R$ 494 bilhões. É importante observar que embora estes dados façam parte da mesma tabela, o enorme valor não cabe na totalização apresentada no topo da tabela.

Talvez aí esteja a chave (ou uma das chaves) para a compreensão das divergências apontadas acima. Reconheço minhas limitações nesta área, mas jogo a discussão para os especialistas que porventura venham ler este humilde artigo.

Mais polêmica sobre a dívida externa

Apesar do último relatório do Banco Central apontar mais um aumento da dívida externa em agosto, estimada em US$ 204,103 bilhões (dívida líquida) e US$ 277,2 bilhões (dívida bruta, quando é incluído o valor de US$ 73,102 bilhões referente aos empréstimos intercompanhias), o relatório da Dívida Publica citado acima só mostra uma parte da dívida. (ver matéria publicada no Valor Econômico)

No relatório da Dívida Pública do Tesouro Nacional, no entanto, este montante era de apenas R$ 107 bilhões em dezembro de 2008. Ou seja, muito aquém da dívida líquida de US$ 204,103 bilhões e mais distante ainda em relação a dívida bruta de US$ 277,2.

Um fardo pesado demais para ser ignorado

Com tanta confusão de números, a impressão que os relatórios atuais divulgados pelo Governo são feitos mais para confundir do que para explicar. Quaisquer que sejam os números verdadeiros, no entanto, a dívida pública brasileira é cara demais para ser tratada como um mero indicador financeiro.

Segundo dados da CPI da Dívida, apenas nos governos dos dois últimos presidentes, a dívida interna brasileira aumentou 28 vezes, apesar de 1995 a 2008 o governo federal ter gasto R$ 906,6 bilhões com juros e R$ 879 bilhões com amortizações das dívidas interna e externa públicas. E olha que nesses extraordinários montantes não estão incluídos quase R$ 4 trilhões de rolagem da dívida através da emissão de títulos públicos.

Em um mundo onde a informação e a exigência pela transparência com os gastos públicos são cada vez maiores, o Brasil, infelizmente, parece estar na contramão deste processo, contando com a indiferença da população e da imprensa.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Encontro de Contabilistas em Alagoinhas

No último dia 23 de setembro, a Faculdade Santíssimo Sacramento, de Alagoinhas, promoveu um Encontro de Contabilistas na Câmara de Vereadores local, em homenagem ao Dia do Contador.
O Evento contou com a participação da Diretora Geral, Irmã Lúcia Maria Sá B. de Freitas, do Vice-Diretor, Profo. Joilson Romanci S. Borges, do Coordenador do Colegiado de Ciências Contábeis, profo. Adriel Borges de Souza, do Profo. João Evangelista, do corpo docente e dicente da Faculdade, de contadores locais, do representante CRC-BA, Vice-Presidente contador Hélio Barreto Jorge e do Delegado CRC-BA, em Alagoinhas, contador Roberto Andrade.
O encontro promoveu uma reflexão sobre o papel estratégico da contabilidade no cenário atual, de crise internacional e mudanças promovidas pela intercionalização das Normas de Contabilidade.
A primeira palestra, ministrada pela Profa. Msc. Yone Aparecida, enfocou a Contabilidade Mental como um valioso Instrumento para a tomada de decisões pessoais.
Em seguida o Profo. Paulo Sávio Alves, proferiu sua palestra, mostrando a origem, o processo de convergência e os efeitos contábeis e tributários, provocados pela aplicação das Normas Internacionais de Contabilidade, legalizados através da lei 11.638/07, que modifica a Lei 6.404/76.
Ao final do evento houve entrega de certificados aos palestrantes, homenagens às autoridades presentes e o encerramento foi feito através de um saboroso coquetel.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Senado gastou R$ 70 mil com curso para Ideli Salvati



Revelada mais uma "safadeza" promovida pela República do Lula, às nossas custas. Vejam a matéria publicada pelo "O Globo" a respeito da viagem romântico-cultural da Senadora Ideli Salvati (PT-SC) e seu assessor Paulo André Argenta, por três cidades de língua espanhola, México, Buenos Aire e Sevilha, revelada também pela Folha de São Paulo. Assemelha-se, a princípio, a um daqueles romances de D.H. Lawrence:

De: O Globo

"Não é só dureza a vida da chamada "pitbull do governo no Senado", a líder Ideli Salvatti (PT-SC), que não se importa com o desgaste quando entra numa briga - mesmo que seja para salvar Renan Calheiros (PMDB-AL) ou José Sarney (PMDB-AP), acusados de má gestão na direção da Casa. Em 2007, por exemplo, ela teve autorização do então presidente Renan para viajar, acompanhada do assessor Paulo André Argenta, para México, Espanha e Argentina. Com um custo total estimado em cerca de R$ 70 mil, pago pelo Senado, o objetivo da viagem foi participar de um curso de gestão dirigido a altos executivos de grandes corporações mundiais.
Em abril de 2007, Adriana Monsale, executiva da Newfield Consulting, com sede na Flórida, enviou ao então presidente Renan Calheiros "convite" para que ele designasse, em caráter oficial, um representante do Senado para participar do curso "The art of business coaching". O texto é confuso, porque o cabeçalho diz que não haveria custos "para a entidade".
A parte final do convite, entretanto, diz que o curso teria duração de nove meses, com três conferências gerais, de quatro dias, realizadas em abril de 2007 no México, em setembro em Buenos Aires, e em janeiro de 2008 na Espanha, com custo total de U$ 6.400.
A notícia, publicada nesta quarta-feira pelo jornal "Folha de S. Paulo", deixou senadores intrigados: qual a serventia dos ensinamentos adquiridos por Ideli e Argenta no curso "The Art of Business Coaching" para seu mandato e para o Senado? Curiosamente, o curso foi oferecido pela empresa americana Newfield Consulting, com filial no Brasil e fundada pelo ex-assessor do Palácio do Planalto e da CUT Luiz Sérgio Gomes da Silva, conterrâneo petista de Ideli.
Só com as inscrições, Senado gastou R$ 24 mil
" Isso não é curso, é turismo "
Para Ideli e o assessor, só com as inscrições o Senado gastou R$ 24 mil (U$ 6.400, que seriam para os nove meses), além de outros R$ 11.837 em diárias e cerca de R$ 7.500 correspondentes a passagens da cota da senadora. Paulo Argenta ainda participou, sozinho, de outras etapas do curso em São Paulo, Buenos Aires e Florianópolis, pelas quais recebeu R$ 15.208 de diárias.
Ideli, que permaneceu nesta quarta em Santa Catarina, só se manifestou por meio de nota e de sua assessoria. Na nota, diz que tudo foi autorizado e auditado pelo Senado: "A senadora considera que, com a participação no curso, houve melhora no desempenho de sua equipe em relação ao trabalho do mandato", afirma, concluindo que "através dos conhecimentos adquiridos no curso, (o assessor) é um disseminador das informações apreendidas".
- Isso não é curso, é turismo - reagiu Álvaro Dias (PSDB-PR).
- Esse é o tipo de desperdício que o Senado tem que evitar - completou Demóstenes Torres (DEM-GO).
A assessoria de Ideli diz que ela conhece Luis Sérgio, representante da Newfield Consulting no Brasil, do PT e de quando ele assessorava os ministros Tarso Genro e Jaques Wagner no Planalto, mas nega que ele esteja por trás do convite.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Zelaya retorna a Honduras

Ciro Gomes ganha pontos em pesquisa do Ibope; Serra e Dilma perdem

Do Valor Econômico:


Agência BrasilBRASÍLIA - Uma queda de 3 a 4 pontos percentuais foi registrada nas intenções de votos da ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governador paulista, José Serra (PSDB), mantém a liderança nas simulações, mas perdeu quatro pontos em relação à pesquisa anterior de junho, oscilando entre 34% e 35%, aponta pesquisa CNI/Ibope divulgada hoje. Por outro lado, as intenções de voto para o deputado Ciro Gomes aumentaram 5 pontos.

No cenário em comparação à pesquisa de junho último, o governador Serra cai de 38% para 34%, Dilma recua de 18% para 15%, enquanto Ciro sobe de 12% para 17% e Heloisa Helena cresce de 7% para 10%.

Quando a lista tem o governador mineiro Aécio Neves como candidato do PSDB, Ciro fica em primeiro lugar, subindo de 22% para 27%. Dilma recua de 21% para 17%; Aécio mantém o terceiro lugar, com 12% inalterados, e Heloisa Helena sobe de 11% para 13%.

Embora fique clara a melhora de Ciro Gomes na preferência do eleitorado, o diretor de Relações Institucionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Marco Guarita, não quis apostar se o deputado, aliado de Lula, passa a representar uma ameaça concreta para a candidatura de Dilma, preferida do Palácio do Planalto.

"O cenário eleitoral para 2010 ainda é muito volátil para se afirmar que esses resultados representam uma tendência", disse Guarita.

O levantamento encomendado pela CNI ao Ibope mostra ainda que Ciro Gomes tem menor rejeição do que Dilma. No deputado, 33% disseram que não votariam de jeito nenhum para presidente da República. O índice de rejeição à ministra Dilma foi de 40%, mesmo percentual de Heloisa Helena. Serra tem 30% de rejeição.

Para Guarita, pesa muito aí a questão do conhecimento do candidato. Cerca de 66% disseram conhecer Serra, e 45% conhecem Ciro Gomes. Quanto a Dilma, 32% disseram conhecê-la bem ou mais ou menos, e apenas 18% conhecem Marina Silva.

Em simulações novas, com o ingresso da senadora Marina Silva (PV) na disputa, Serra segue na liderança, com 34%, e a ministra Dilma vem em segundo, com 14%. Em seguida aparecem o deputado Ciro Gomes (PSB), também com 14%, e Heloisa Helena (PSOL), com 8%. Marina fica em quinto, com 6%.

Com Aécio no lugar de Serra, Marina também fica em quinto lugar, com 8%. Ciro Gomes lidera, com 25%, Dilma tem 16% e Aécio, 12%, seguido de Heloisa Helena, com 11%.

Lula e a dívida pública (PARTE 4)

Do Visão Panorâmica


economia_dolares_reservas

Na segunda parte desta série de artigos mostramos como o Brasil chegou a acumular as reservas cambiais recorde das quais o Governo Lula tanto se orgulha. Hoje as reservas estão ainda maiores. Se o presidente não mentiu também sobre este assunto no seu último pronunciamento (ver artigo anterior sobre a grande mentira sobre o pagamento da dívida externa), as reservas hoje estariam na casa dos US$ 215 bilhões!

Bom, levando em conta que hoje metade da arrecadação do Tesouro está comprometida com o pagamento de juros e rolagens das dívidas interna e externa, então a primeira pergunta que surge é: por que o Governo não paga uma parte das dívidas com as reservas cambiais recorde?

Esta seria a lógica para qualquer pessoa que tivesse uma poupança que rendesse juros baixos (reservas cambiais) e ao mesmo tempo um compromisso mensal com uma dívida que levasse metade do seu salário (dívida pública). Mas, claro, as coisas não são tão simples assim quando o assunto é macroeconomia.

O outro lado das reservas

Diferente do que o Governo tenta passar para a sociedade, as reservas cambiais não são exatamente uma “poupança”. As reservas internacionais brasileiras hoje são provenientes de três fontes: 1) O saldo da balança comercial; 2) Dólares investidos na Bolsa de Valores; e 3) Compra de dólares pelo Banco Central (a maior parte proveniente da emissão de títulos da dívida interna, ou seja, empréstimos).

Fazendo uma analogia com um banco comum, isso significa que, embora o dinheiro esteja em caixa, o banco não pode utilizá-lo (pelo menos totalmente), pois a maior parte dos recursos (saldo da balança comercial + dólares investidos na bolsa de valores) não pertence de fato ao banco.

O outro motivo (a explicação oficial do Governo) é que as reservas cambiais são importantes para reduzir a taxa de risco do país, as quais têm um efeito psicológico importante para o mercado financeiro, principalmente em momentos de crise. O argumento é verdadeiro, embora seja também utilizado como uma cortina de fumaça para esconder a real impossibilidade do uso de tais reservas para pagar a dívida externa, como o Governo tem insinuado.

O custo das reservas

Diferente de uma poupança que rende juros, as reservas cambiais brasileiras, na verdade, oneram os cofres públicos. Isto acontece devido à diferença de remuneração em Dólar (em média 3,50% ao ano) e em Real (em média 13,00% até a crise de 2008). Ou seja, assim como no caso do “pagamento” da dívida com o FMI, é como se o Governo recebesse os juros baixos do Dólar e pagasse os juros elevados dos reais correspondentes. Em outras palavras, o Governo paga para manter a poupança das reservas internacionais.

Segundo estimativas do Banco de Compensações Internacionais (BIS), o Brasil perde em média o equivalente a 1% do PIB por ano para manter as reservas (ver matéria publicada no G1). Traduzindo isto em números, o Brasil teria perdido em 2008 algo em torno de R$ 29 bilhões só para manter as reservas cambiais de US$ 205 bilhões.

Um novo ralo para o nosso dinheiro

O bom momento da economia brasileira nos últimos anos (além das altas remunerações dos títulos da dívida interna) provocou a entrada de uma enxurrada de dólares no país. No final de 2007 o estoque de todos os recursos estrangeiros no Brasil chegou a incríveis US$ 939,1 bilhões! (Ver reportagem no Estadão)

A princípio, parece uma boa notícia. No entanto, o tal “investment grade” implica em uma nova forma de evasão de divisas do país. Descontando-se o estoque de investimentos de brasileiros no exterior (que somava US$ 365 bilhões no mesmo ano), o Passivo Externo Líquido (PEL), fechou 2007 em US$ 574,1 bilhões (diferença entre os dólares estrangeiros no Brasil e os dólares brasileiros no exterior), uma alta de 49,35% em relação ao no anterior. Como resultado, deste passivo, a remessa de lucros para o exterior quadruplicou. Ou seja, em 2007 saíram do Brasil US$ 20 bilhões em remessas de lucros, dividendos e royalties!

O lado bom desta entrada de recursos são os investimentos estrangeiros diretos (IED), os quais são voltados para a produção. A maioria dos dólares, no entanto (US$ 509,6 bilhões em 2007) concentram-se em aplicações em ações e renda fixa. E é aí onde mora o perigo, pois os mesmos dólares que ajudam a inflar as reservas cambiais citadas acima podem, em um momento de crise, deixar o país rapidamente, criando um efeito bola de neve.

Outro lado negativo desta entrada capitais externos é a supervalorização do Real frente ao Dólar, que dificulta as exportações e forçam o Banco Central a comprar ainda mais dólares, os quais se somam às reservas cambiais, aumentando ainda mais o custo do Tesouro Nacional na manutenção de tal “poupança”. Fecha-se aí mais um círculo vicioso.

Mais uma anomalia da nossa economia

Claro que as reservas são importantes para tranqüilizar a economia em eventuais crises. Isto, aliás, foi provado na crise atual. O problema é que no Brasil a manutenção das reservas tem um custo muito elevado devido aos altos juros praticados no país. Então a pergunta que fica é “Se os nossos indicadores econômicos estão tão bons, por que os juros do Brasil têm que ser os mais altos do mundo?

Esta contradição mostra que alguma coisa está errada na nossa economia. O argumento do Governo de que as taxas devem permanecer nas alturas serviu para os tempos de estabilização na era FHC, quando o principal desafio do Governo era derrotar de vez a inflação, ainda mais em tempos de crises. Com a consolidação do crescimento da economia na era Lula, a queda das taxas de juros deveria ser uma obsessão do atual Governo. No entanto, o que vemos ao longo seis anos e meio, com um cenário extremamente favorável e sem crises, foi uma queda tímida da taxa Selic, conforme pode ser verificado no gráfico abaixo.

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Só a partir da crise mundial de 2008 é que o Banco Central foi forçado a baixar os juros da taxa Selic com o objetivo de atenuar os efeitos da recessão. Ou seja, foi preciso uma crise de proporções mundiais para que finalmente a taxa Selic chegasse aos históricos 8.75% em meados de 2009. Viva! Deixamos finalmente o posto de pais com os juros mais altos do mundo e passamos ao quarto lugar da lista!

Ainda assim, em um dos piores momentos da crise, no dia 24/10/2008, o governo chegou a oferecer juros de 18,56% ao ano para rolar parte da dívida interna, enquanto a taxa Selic já havia baixado para 13,75%. Ou seja, a queda da taxa Selic ajuda a estancar a sangria de juros da dívida interna, mas seus efeitos são limitados, pois existem várias taxas utilizadas nos diversos títulos da dívida interna.

Isto mostra que para combater o verdadeiro câncer do Brasil, a sangria dos nossos recursos com o pagamento de juros e rolagens de dívidas, que levam mais da metade da nossa arrecadação, é preciso muito mais que baixar a taxa Selic. Esta, aliás, deveria ser a principal preocupação do atual Governo. Infelizmente isto não acontece porque o Governo está mais interessado em mostrar obras para a população e garantir assim sua popularidade.

Nesta lógica, mais importa pegar mais dinheiro emprestado para criar mega-projetos eleitoreiros e vender a ilusão de que tudo vai bem ao invés de apertar o cinto e preparar melhores condições para o futuro. A conta, claro, vai para os os próximos governos. Se for da oposição, pior para eles, pois terão que arcar com as faturas do “cartão de crédito” da dívida pública.

Abusando da sorte

Enfim, resolver o problema financeiro exige austeridade fiscal e controle nos gastos, exige do Governante que priorize o país, ao invés de projetos pessoais políticos. O Governo atual tem tido muita sorte, até mesmo na única crise que enfrentou. Em crises bem menores, na era FHC, os dólares dos especuladores fugiam em massa, forçando o Governo a queimar bilhões de dólares para segurar o Real e evitar a disparada do Dólar. Desta vez, os dólares não fugiram, não por méritos do Governo, mas porque não tinham para onde fugir, uma vez que pela primeira em décadas todo o primeiro mundo entrou em crise. Desta vez, ao invés de aumentar os juros para evitar a inflação decorrente da desvalorização do Real, o Governo teve um problema agradável de resolver: baixar a taxa Selic para evitar a recessão, uma vez que não existiram pressões inflacionárias.

Como saldo final, a crise foi até benéfica para o Brasil, pois além de forçar a queda da taxa Selic, melhorou ainda mais nossa posição no cenário internacional. Também não por méritos do Governo, pois as economias menos atingidas foram justamente as mais periféricas, com menos interligações com o foco da crise: o primeiro mundo.

A queda dos juros, infelizmente, ainda não foi suficiente para compensar as novas dívidas que o Governo tem contraído não só para enfrentar a crise, como para tocar seu projeto eleitoral. Mas, afinal, em quanto está a dívida interna atual?

Bom esta pergunta vamos deixar para responde no próximo artigo da série, uma vez que existem alguns aspectos obscuros na divulgação dos números do Governo. Como sempre, a coisa é muito pior do que parece.

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Lula e a dívida pública (PARTE 3)

Do Visão Panorâmica

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No post anterior, falamos das insinuações do Governo Lula sobre o suposto pagamento da dívida externa com as reservas cambiais. No último domingo, véspera do 7 de setembro, o Presidente da República foi além das insinuações e afirmou com todas as letras: “Não só pagamos a dívida externa, como acumulamos reservas de 215 bilhões de dólares”.

Bom, o Governo deve ter feito uma mágica para pagar a dívida externa em segredo, pois, dois meses antes, o próprio Governo divulgou mais um aumento da dívida externa que chegou em julho de 2009 ao recorde de US$ 267,482 bilhões - contando com os US$ 71,585 bilhões de empréstimos intercompanhias das multinacionais a suas subsidiárias no país (ver matéria noValor Econômico).

Vale salientar que hoje a dívida já deve ter sido acrescida de mais alguns bilhões, pois ainda nesta semana o Governo conseguiu mais € 4.3 bilhõe em empréstimos a bancos europeus (Fonte: Blog do Álvaro Dias )

A apoteose da ignorância

O fato mostra como o presidente aposta na ignorância do povo. Certamente hoje milhões de brasileiros menos esclarecidos devem estar orgulhosos do país que conseguiu pagar a famosa “dívida impagável”. Afinal, quem vai duvidar de uma afirmação tão incisiva em cadeia nacional proferida por um Presidente da República?

Caberia a imprensa apontar tal absurdo, mas já estamos no fim de semana e até agora nenhum único comentário, nem uma simples alusão, mesmo entre os comentaristas econômicos. Nem mesmo o Observatório da Imprensa, normalmente tão atento aos deslizes do jornalismo tupiniquim, citou o fato. Conclusão: o brasileiro não dá a menor importância para a dívida pública! (e Lula se aproveita disso)

Já vi este filme!

É com esta percepção, que o Governo continua na trajetória ascendente de endividamento, perpetuando o ciclo vicioso que compromete mais da metade da nossa receita com pagamento de juros e amortizações de dívidas. Da mesma forma que ocorreu nas eleições de 2006, quando as dívidas externa e interna explodiram (coincidentemente após as eleições de 2006), em 2010 a história segue na mesma direção.

Em 2005 e 2007 a dívida interna foi aumentada em 40%, enquanto que a dívida externa aumentou quase 20% no mesmo período. (ver gráficos da segunda parte deste artigo).

Ao que tudo indica, teremos mais alguns bilhões de acréscimo nas nossas dívidas nos próximos anos. Na semana passada, o Governo anunciou a proposta de Orçamento para 2010 que prevê aumentos substanciais em todos os setores, especialmente para o PAC, que deverá receber em um só ano o equivalente a tudo o que foi investido em quase três anos de programa! Com isso, o Governo Lula tenta “desempacar” o PAC que, segundo o portal Contas Abertas, em quase três anos investiu apenas 7% do que foi prometido.

O festejado “Minha Casa, Minha Vida” também segue na mesma linha. Lançado com estardalhaço típico do Governo Lula com o objetivo de construir 1 milhão de casas, o programa que estava devagar quase parando até então, será intensificado em 2010 com recursos da ordem de $10 bilhões. Claro que este orçamento é irrisório diante do objetivo de 1 milhão de casas prometidos, mas o Governo pretende aprovar “mais de 700 mil projetos” este ano. Que fique bem claro que se trata de “aprovações”, não construções. Estas, claro, serão repassadas para o próximo governo.

O Bolsa-Família, principal cabo eleitoral do Governo, terá também um aumento no numero de pessoas atendidas, passando dos atuais 11 milhões para 12,7 milhões. Isto sem falar no já expressivo reajuste acima da inflação em 2009, em plena crise mundial.

Para evitar qualquer obstáculo em seu projeto eleitoral, o presidente vetou 19 artigos da Lei de Diretrizes Orçamentárias, entre os quais os que limitavam as despesas com publicidade e com viagens (fonte: Globo.com)

Curiosamente, um dos poucos orçamentos que não aumentaram no próximo ano é da publicidade. Olhando os gráficos da evolução dos gastos nesta área, no entanto, percebemos o porquê da “surpresa”. Na verdade, os gastos já foram aumentados significativamente desde o início do Governo Lula, conforme mostra o gráfico abaixo.

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Em outro gráfico, também publicado na Folha de São Paulo, fica evidente a preocupação do Governo com a própria imagem. Embora os recursos aqui sejam empregados teoricamente na “democratização” das informações do Governo, na prática, funcionam também como publicidade oficial.

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A mobilização do Governo em torno do seu projeto eleitoral se reflete também nos gastos na estrutura da Presidência. Hoje Lula tem o dobro de funcionários do presidente norte-americano. O número, que já era alto desde o Governo FHC, aumentou mais 57% na era Lula, chegando a incríveis 3.431 funcionários. (Ver matéria publicada no Estadão)

O gráfico abaixo mostra a evolução dos gastos da Presidência, que em 2009 chegaram a ultrapassar os orçamentos da Câmara de Deputados e do Senado. E olha que nosso Senado é o mais caro do mundo. Segundo a ONG Transparência Brasil, um senador brasileiro custa o dobro de um norte-americano.

Fonte: STN - Ministério da Fazenda

Fonte: STN - Ministério da Fazenda

Os gastos com o cartão corporativo (motivo de vários escândalos nos últimos anos) também refletem o descontrole do Governo com os recursos públicos.

Fonte: Transparência Brasil

Fonte: Transparência Brasil

Para fazer frente a tais gastos (que incluem outros generosos aumentos de salários do funcionalismo, uma importante militância na hora do voto), a matemática do Governo conta com o aumento recorde da arrecadação de 15,5% (11% de aumento real + 4,5% de inflação). Também aqui, quase nenhum questionamento da imprensa, pois, como pode a arrecadação aumentar 15% em um ano em que a previsão de crescimento do PIB é de 4,5%?

Certamente a conta não vai fechar e a diferença mais uma vez será incorporada a astronômica dívida interna (o imenso cartão de crédito do Governo), que deverá atingir a casa de R$ 1,6 trilhão em 2010 (isso na visão mais otimista, considerando a média de evolução dos últimos anos e sem considerar o ano eleitoral). Para isto contribui a redução do superávit primário (percentual do orçamento reservado para o pagamento de juros da dívida) que passou a ser deficitário desde junho deste ano, algo inédito tanto nos governos Lula, quanto no governo FHC. Ou seja, já não está dando para pagar nem mesmo os juros do “cartão de crédito” da dívida.

Herança maldita

Além da dívida pública astronômica, o Governo Lula vai empurrar para o próximo presidente a “bomba” do aumento dos aposentados, que deverá onerar os cofres públicos em mais de 50 bilhões. Como se não bastasse, o novo presidente vai herdar o compromisso de aumentos escalonados concedidos ao funcionalismo público em plena crise, o qual deverá onerar os cofres públicos em mais de 10 bilhões a cada ano, chegando a R$ 16 bilhões em 2014. Isto sem falar nos US$ 20 bilhões que serão investidos na compra dos aviões e porta-aviões que estão sendo negociados com a França e com os bilhões de investimentos que serão necessários para tocar os projetos do Pré-sal.

Emprestando o que não temos

Mais difícil de digerir tamanha irresponsabilidade com o uso dos recursos públicos, o Governo ainda consegue tirar do já deficitário orçamento alguns bilhões para emprestar aos nossos problemáticos vizinhos. Depois de levar calotes da Bolívia, do Equador e do Paraguai, o Presidente Lula já fechou acordos para emprestar alguns bilhões para a Argentina, para o FMI e até para Hugo Chaves. Com isso, o presidente aumenta seu prestígio internacional. A conta, claro, vai para os próximos governos. Ou seja, para os nossos filhos e netos.

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