domingo, 27 de setembro de 2009

Roberta Flack - Killing me softly - Live (1972)

Honduras parte para a ofensiva

O Presidente Lula precisa se decidir sobre a situação da Embaixada do Brasil em Honduras. O Governo golpista aperta o cerco e pode invadir a embaixada. Veja o comentário de Noblat sobre o assunto. Até nessa situação o Lula se mantém omisso!

Do Blog de Ricardo Noblat
Acuado até aqui, o governo de fato de Honduras resolveu partir para a ofensiva.

O Brasil foi seu primeiro e mais importante alvo - mas não foi o único.

Honduras deu um prazo de 10 dias para que o Brasil defina a situação do presidente deposto Manoel Zelaya, abrigado em sua embaixada de Tegucigalpa.

Em que condições Zelaya está ali? Na de asilado? Na de refugiado? Na de protegido? Qual?

A falta de uma definição levará o governo de Honduras a tirar o status diplomático da embaixada. Em tese, isso significa que a ex-embaixada poderia ser invadida - algo que o governo de Honduras adianta que não fará. Ou que não pensa fazer.

Aos governos da Espanha, México, Argentina e Venezuela, que suspenderam suas relações com Honduras, o governo do presidente Roberto Micheletti pediu que remova as bandeiras e os distintivos oficiais de suas respectivas embaixadas.

Honduras expulsou hoje quatro funcionários da Organização dos Estados Americanos (OEA) que desembarcaram em Tegucigalpa para preparar a chegada de uma missão oficial da entidade. Eles não estavam com os documentos em ordem.

Também foram expulsos três espanhóis localizados no distrito de Toncontín e que não justificaram de forma convincente sua estadia ali.

Foi renovado o toque de recolher. Ele estará em vigor entre às 21h de hoje e às 5h da manhã desta segunda-feira.

Chapeleiro maluco

Do Lápis de memória

As perguntas sobre o golpe contra Zelaya

Existe mais mistérios entre o golpe em Honduras e as verdadeiras intenções de Zelaia. Veja os comentários de Jabor:

De Arnaldo jabor

Zelaya foi eleito pelo povo e não podia ser deposto, isso é certo, que fique claro. Mas como ninguém sabe o que realmente houve podemos fazer perguntas.

Por exemplo, Hugo Chávez declarou: “Zelaya atravessou rios, florestas, montanhas até milagrosamente se materializar na embaixada do Brasil com 70 pessoas”. Como é que o Chávez sabe?

Outra pergunta: Zelaya é mesmo um democrata? Mas ele queria mexer na constituição para se reeleger como fez Chávez. Ele foi apoiado também pelo Daniel Ortega da Nicarágua de onde veio o avião Venezuelano.

Outra pergunta: ele foi deposto pelo velho golpe típico dos latinos, porrada e fuzis? Não, a Suprema Corte de Honduras decidiu por sua saída, a igreja apoiou sua saída e grande parte do Congresso.

Foi um golpe novo. Um tipo de golpe branco que surgiu agora, um golpe democrático. Oposto, mas equivalente as ditaduras brancas que estão surgindo em nome da democracia como na Venezuela.

Outra dúvida: o Chávez está feliz porque ama a democracia clássica ou porque o mundo todo está defendendo o tipo de democracia que ele inventou? A democracia da eterna reeleição, sem oposição e sem mídia livre.

Chávez deve estar rindo também porque o Lula, que sempre o apoiou de corpo mole agora está no olho do furacão do Caribe. Em suma, ninguém sabe nada, mas as perguntas são bem mais interessantes que as respostas oficiais.

Lula e a dívida pública (PARTE 5)

Do Visão Panorâmica

charge_divida_publica

No terceiro artigo desta série citamos um exemplo prático do descaso do povo brasileiro com as contas do Estado, quando chegamos ao cúmulo do absurdo do Presidente da República em um pronunciamento oficial mentir ao afirmar ter pagado a dívida externa, contrariando até mesmo sua própria equipe econômica, que havia divulgado seu aumento, dois meses antes.

A desinformação sobre este assunto, infelizmente, não é “privilégio” da população. A própria imprensa parece ignorar o assunto, se limitando a divulgar pequenas notas desconexas sobre os relatórios divulgados muitas vezes de forma manipulada pela equipe econômica.

Se hoje alguém pesquisar no Google, por exemplo, a frase “gráfico sobre a evolução da dívida publica”, vai encontrar uma série de links com informações desatualizadas, a maioria referente era FHC. O primeiro link que traz alguma informação um pouco mais atualizada, modéstia à parte, é o nosso blog, já lá pelo final da primeira página. E olha que os gráficos que publicamos não estão nem tão bem atualizados assim, pois ainda não estão computados os dados referentes aos anos de 2008 e 2009 (prometo atualizar assim que puder. rssss!).

Um país que tem metade de suas receitas comprometidas com o pagamento de juros e rolagens de dívida, o mínimo que se esperava dos meios de comunicação era um acompanhamento ostensivo de tais números, oferecendo à população gráficos atualizados sobre a evolução das dívidas externa e interna.

Procurei nos principais portais do país algum link específico sobre a dívida pública e não encontrei absolutamente nada, nem mesmo entre os portais especializados em economia, como o Valor Econômico, por exemplo. Nas buscas internas de cada site, apenas notícias esporádicas reproduzindo os boletins divulgados pela equipe econômica e só.

Divergências e mais divergências

A omissão da imprensa se mostra ainda mais grave pela demanda existente na Internet sobre o assunto. No Yahoo Respostas, por exemplo, existem várias perguntas sobre as dívidas interna e externa, as quais trazem respostas as mais divergentes possíveis, o que alimenta ainda mais os boatos sobre o “pagamento da dívida externa”.

Mas o que mais impressiona nisso tudo são divergências de números até mesmo entre especialistas. Os dados divulgados pela Auditoria Cidadã da Dívida (ONG que desde o início da década acompanha os números da dívida) de um modo geral são um pouco maiores que os números oficiais divulgados pela imprensa. Segundo a ONG, a dívida interna brasileira teria chegado a incríveis R$ 1,6 trilhão em janeiro de 2009, número bem superior aos R$ 1,264 trilhão, divulgados pelo Governo na mesma época.

Vejam bem, estamos falando de uma ONG que atualmente fornece dados para a recentemente instalada CPI da Dívida. Não se trata de nenhum blogueiro ou curioso qualquer. É uma entidade que reúne uma equipe de especialistas, que recebe apoio de entidades de grande reputação, como a CNBB, por exemplo, e que mostra dados que divergem dos dados oficiais do Governo. No mínimo, a imprensa deveria repercutir estas divergências.

Mais assustadores ainda que os números divulgado pela Auditoria Cidadã da Dívida são os dados divulgados pelo economista Ricardo Bergamini. Para quem não o conhece, Bergamini tem extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, um MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ e é membro da área internacional do Lloyds Bank. Ou seja, não é qualquer um. Segundo seus cálculos, a dívida interna brasileira seria de R$ 1,75 TRILHÃO em março de 2009 (ver artigo aqui).

Tentando explicar o inexplicável

Em meio a tanta divergência, decidi eu mesmo checar diretamente os números da dívida nos relatórios oficiais do Governo, disponíveis no site do Tesouro Nacional (quanta pretensão, não? rsrsrsrrs)

Minha primeira surpresa foi constatar a disponibilidade apenas dos relatórios dos últimos oito anos, como pode ser visto aqui. Outra decepção foi constatar a falta de padronização na divulgação dos dados, os quais variam pelo menos a cada três anos, infelizmente para pior. Além de alterações nas estruturas das tabelas, os relatórios apresentam nomenclaturas diferenciadas, alteram a hierarquia das informações e até mesmo os formatos dos arquivos.

Ou seja, só mesmo especialistas para entender. Como não sou economista, vou ficar apenas nas minhas impressões. O que posso afirmar é que parece haver uma intenção do Governo em confundir os dados da dívida externa com os dados da dívida interna. Aliás, o termo “dívida externa” no site do Tesouro Nacional é cada vez mais raro. Ele é identificado apenas por siglas, entre as quais DPFe (Dívida Pública Federal Externa) e DET (Dívida Externa Total).

Ao analisar os primeiros relatórios notamos que estes se referem especificamente à dívida interna. Os dados conclusivos são apresentados logo na primeira tabela de forma clara e objetiva, conforme mostra a figura abaixo (referente ao mês de dezembro de 2001).

dividaInterna_dez2001

A partir de 2007, no entanto, os dados referentes às dívidas interna e externa passaram a ser divulgados em um único relatório, agora intitulado “Dívida Pública Federal”. Talvez aí esteja a “explicação” para a afirmação categórica do Presidente Lula quanto ao pagamento da dívida externa. Afinal, ela parece ter mudado de nome. Agora é apenas uma parte da “Dívida Pública Federal”, cuja maior parte cabe a dívida interna.

Compare agora o relatório anterior com a tabela que resume a Divida Pública Federal de 2008 (clique na imagem para ampliá-la).

tabela2008

Note que a totalização agora é feita no topo (fato incomum em contabilidade). Abaixo é feito o detalhamento dos títulos das dívidas interna e externa, cuja soma dá o total do topo. Na mesma tabela, um pouco mais abaixo aparecem os dados referentes ao “DPMFi EM PODER DO BANCO CENTRAL”, valores que em 2008 já somavam R$ 494 bilhões. É importante observar que embora estes dados façam parte da mesma tabela, o enorme valor não cabe na totalização apresentada no topo da tabela.

Talvez aí esteja a chave (ou uma das chaves) para a compreensão das divergências apontadas acima. Reconheço minhas limitações nesta área, mas jogo a discussão para os especialistas que porventura venham ler este humilde artigo.

Mais polêmica sobre a dívida externa

Apesar do último relatório do Banco Central apontar mais um aumento da dívida externa em agosto, estimada em US$ 204,103 bilhões (dívida líquida) e US$ 277,2 bilhões (dívida bruta, quando é incluído o valor de US$ 73,102 bilhões referente aos empréstimos intercompanhias), o relatório da Dívida Publica citado acima só mostra uma parte da dívida. (ver matéria publicada no Valor Econômico)

No relatório da Dívida Pública do Tesouro Nacional, no entanto, este montante era de apenas R$ 107 bilhões em dezembro de 2008. Ou seja, muito aquém da dívida líquida de US$ 204,103 bilhões e mais distante ainda em relação a dívida bruta de US$ 277,2.

Um fardo pesado demais para ser ignorado

Com tanta confusão de números, a impressão que os relatórios atuais divulgados pelo Governo são feitos mais para confundir do que para explicar. Quaisquer que sejam os números verdadeiros, no entanto, a dívida pública brasileira é cara demais para ser tratada como um mero indicador financeiro.

Segundo dados da CPI da Dívida, apenas nos governos dos dois últimos presidentes, a dívida interna brasileira aumentou 28 vezes, apesar de 1995 a 2008 o governo federal ter gasto R$ 906,6 bilhões com juros e R$ 879 bilhões com amortizações das dívidas interna e externa públicas. E olha que nesses extraordinários montantes não estão incluídos quase R$ 4 trilhões de rolagem da dívida através da emissão de títulos públicos.

Em um mundo onde a informação e a exigência pela transparência com os gastos públicos são cada vez maiores, o Brasil, infelizmente, parece estar na contramão deste processo, contando com a indiferença da população e da imprensa.