Você quer entender como o governo desvia legalmente verbas da educação para atender suas conveniências políticas ou pessoais, leia esta matéria:
Do SacuXeio:
Há duas semanas atrás, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça do Senado) aprovou o fim daDRU, que permitia ao governo federal ficar com 20% dos recursos do orçamento destinados à educação. Se os deputados e senadores aprovarem a medida em plenário, a regra pode entrar em vigor somente em 2011, no entanto, agora mesmo em 2009 e 2010 a educação já sofreria uma retenção menor, o que significa 'fechar a torneira' num país com o déficit educacional tão alto como o nosso.
De acordo com o PNAD, o analfabetismo no país atingiu mais de 9% da população. No Nordeste, quase um quinto das pessoas com 15 anos ou mais são analfabetos, e na faixa acima dos 25 anos de idade esse percentual chega a um quarto do total. Recentemente, o ministro Fernando Haddad disse: "Enquanto houver um único brasileiro sem alfabetização, o Estado tem que agir". A retórica é boa, mas infelizmente, não é o que se vê – pelo menos, não dentro das reais necessidades da indigência educacional brasileira.
Só para vocês terem ideia, eu pesquisei e encontrei um documento da ONU sobre a educação e a cultura, intitulado Professores do Brasil: impasses e desafios. Ele chama a atenção para os baixos salários pagos à categoria no país. Aqui em Pernambuco, estado onde moro, mais da metade dos docentes ganha menos de R$ 530,00 por mês. E mesmo com essa baixa remuneração muitos ainda abraçam a função, ou por falta de opção ou apenas por amor ao ensino.
Sem qualificação, o circulo vicioso é montado da seguinte forma: "professores mal pagos e insatisfeitos à frente de um sistema ineficiente que forma outros professores mal preparados", e o que era para ser prioridade nacional torna-se um problema sem solução. É por isso que sou a favor da crítica feita pelo consultor Célio Cunha da Unesco: "Tem dinheiro para as Olimpíadas, mas não para a educação".
Vamos torcer para que o fim da DRU viabilize iniciativas para a área num movimento pró-educação e que, finalmente, a formação dos professores e o ensino no Brasil deixem de ser apenas um assunto de retórica dos políticos. Oxalá!