sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Brasil: tem dinheiro para as olimpíadas mas não para a educação

Você quer entender como o governo desvia legalmente verbas da educação para atender suas conveniências políticas ou pessoais, leia esta matéria:

Do SacuXeio:

Há duas semanas atrás, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça do Senado) aprovou o fim daDRU, que permitia ao governo federal ficar com 20% dos recursos do orçamento destinados à educação. Se os deputados e senadores aprovarem a medida em plenário, a regra pode entrar em vigor somente em 2011, no entanto, agora mesmo em 2009 e 2010 a educação já sofreria uma retenção menor, o que significa 'fechar a torneira' num país com o déficit educacional tão alto como o nosso.

O Brasil precisa investir em Educação

De acordo com o PNAD, o analfabetismo no país atingiu mais de 9% da população. No Nordeste, quase um quinto das pessoas com 15 anos ou mais são analfabetos, e na faixa acima dos 25 anos de idade esse percentual chega a um quarto do total. Recentemente, o ministro Fernando Haddad disse: "Enquanto houver um único brasileiro sem alfabetização, o Estado tem que agir". A retórica é boa, mas infelizmente, não é o que se vê – pelo menos, não dentro das reais necessidades da indigência educacional brasileira.

Só para vocês terem ideia, eu pesquisei e encontrei um documento da ONU sobre a educação e a cultura, intitulado Professores do Brasil: impasses e desafios. Ele chama a atenção para os baixos salários pagos à categoria no país. Aqui em Pernambuco, estado onde moro, mais da metade dos docentes ganha menos de R$ 530,00 por mês. E mesmo com essa baixa remuneração muitos ainda abraçam a função, ou por falta de opção ou apenas por amor ao ensino.

Sem qualificação, o circulo vicioso é montado da seguinte forma: "professores mal pagos e insatisfeitos à frente de um sistema ineficiente que forma outros professores mal preparados", e o que era para ser prioridade nacional torna-se um problema sem solução. É por isso que sou a favor da crítica feita pelo consultor Célio Cunha da Unesco: "Tem dinheiro para as Olimpíadas, mas não para a educação".

Vamos torcer para que o fim da DRU viabilize iniciativas para a área num movimento pró-educação e que, finalmente, a formação dos professores e o ensino no Brasil deixem de ser apenas um assunto de retórica dos políticos. Oxalá!

Killing Me Softly - Roberta Flack

Meus oito anos

De: Casimiro de Abreu (1839 -1860)

Oh ! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

h ! dias da minha infância!
Oh ! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!

.........................................................................................

Oh ! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais! .